ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO CÂNCER DE CABEÇA E
PESCOÇO
Uma atenção a mais
Ariane Braga – Fonoaudiologa no GAPC BH
O câncer de cabeça e pescoço provoca
alterações fonoaudiológicas com impacto na deglutição, voz, articulação e
mastigação. Os tipos de cirurgias que podem
apresentar tais alterações podem ser as ressecções (retirada de uma ou mais partes
afetadas para evitar o retorno da doença) em cavidade oral e orofaringe (ressecção de lábios, de assoalho de boca,
mandíbula e língua) e laringe (laringectomias parciais e subtotais e
laringectomias totais e faringolaringectomias).
As principais modalidades de tratamento
para as neoplasias de cabeça e pescoço são a cirurgia, a radioterapia e a
quimioterapia, isoladas ou associadas. A escolha do tratamento é definida pelo
médico. As possibilidades de preservar a fala, a voz, a mastigação e o
mecanismo de deglutição são sempre consideradas pela equipe multidisciplinar
que está envolvida com o paciente, sendo o fonoaudiólogo, o profissional
responsável pela reabilitação dessas funções.
Na avaliação fonoaudiológica são
observadas as condições da motricidade oral, voz e deglutição, avaliação do
padrão articulatório, tipo de voz, se presente, presença de SNE, condições
respiratórias e presença de traqueostomia provisória ou definitiva. O objetivo
da avaliação é identificar o que está alterado no sistema estomatognático e
porque estas alterações estão ocorrendo para definir o diagnóstico
fonoaudiológico e a conduta terapêutica mais adequada. O principal objetivo da fonoterapia em
câncer de cabeça e pescoço é a reabilitação da deglutição. Após, se necessário,
realiza-se o trabalho fonoarticulatório e vocal.
Na maioria das vezes, inicialmente, o
paciente submetido à cirurgia faz uso de uma sonda colocada para alimentação quando o alimento não
pode passar pelo trajeto normal para alimentar-se. Quando o paciente é capaz de deglutir com segurança,
sem aspiração e com um tempo de trânsito oral adequado, a via de alimentação
alternativa utilizada pode ser removida e o paciente inicia a alimentação por
via oral. O treinamento para a introdução da via oral é realizado com
orientação de um fonoaudiólogo que utiliza, além da consistência mais adequada,
as manobras posturais e manobras facilitadoras da deglutição indicadas para
cada caso.
A reabilitação fonoaudiológica pode ser
direta ou indireta, envolvendo estimulação sensorial, manobras de proteção de via
aérea e posturais, exercícios fisiológicos e adaptação de próteses orais. Alguns fatores prognósticos contribuem
para a reabilitação fonoaudiológica em cabeça e pescoço, tais com assistência
interdisciplinar, acompanhamento fonoaudiológico adequado, aspectos anatômicos,
fisiológicos e psicossociais.
A integração do fonoaudiólogo com a equipe interdisciplinar é essencial
para que o indivíduo tenha as melhores possibilidades de adaptação após o
tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Cada vez mais deve-se buscar uma
melhor qualidade de vida para esses indivíduos.