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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO 
Uma atenção a mais
Ariane Braga – Fonoaudiologa no GAPC BH


O câncer de cabeça e pescoço provoca alterações fonoaudiológicas com impacto na deglutição, voz, articulação e mastigação. Os tipos de cirurgias que podem apresentar tais alterações podem ser as ressecções (retirada de uma ou mais partes afetadas para evitar o retorno da doença) em cavidade oral e orofaringe (ressecção de lábios, de assoalho de boca, mandíbula e língua) e laringe (laringectomias parciais e subtotais e laringectomias totais e faringolaringectomias).

As principais modalidades de tratamento para as neoplasias de cabeça e pescoço são a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia, isoladas ou associadas. A escolha do tratamento é definida pelo médico. As possibilidades de preservar a fala, a voz, a mastigação e o mecanismo de deglutição são sempre consideradas pela equipe multidisciplinar que está envolvida com o paciente, sendo o fonoaudiólogo, o profissional responsável pela reabilitação dessas funções.

Na avaliação fonoaudiológica são observadas as condições da motricidade oral, voz e deglutição, avaliação do padrão articulatório, tipo de voz, se presente, presença de SNE, condições respiratórias e presença de traqueostomia provisória ou definitiva. O objetivo da avaliação é identificar o que está alterado no sistema estomatognático e porque estas alterações estão ocorrendo para definir o diagnóstico fonoaudiológico e a conduta terapêutica mais adequada. O principal objetivo da fonoterapia em câncer de cabeça e pescoço é a reabilitação da deglutição. Após, se necessário, realiza-se o trabalho fonoarticulatório e vocal.

Na maioria das vezes, inicialmente, o paciente submetido à cirurgia faz uso de uma sonda colocada para alimentação quando o alimento não pode passar pelo trajeto normal para alimentar-se. Quando o paciente é capaz de deglutir com segurança, sem aspiração e com um tempo de trânsito oral adequado, a via de alimentação alternativa utilizada pode ser removida e o paciente inicia a alimentação por via oral. O treinamento para a introdução da via oral é realizado com orientação de um fonoaudiólogo que utiliza, além da consistência mais adequada, as manobras posturais e manobras facilitadoras da deglutição indicadas para cada caso.

A reabilitação fonoaudiológica pode ser direta ou indireta, envolvendo estimulação sensorial, manobras de proteção de via aérea e posturais, exercícios fisiológicos e adaptação de próteses orais. Alguns fatores prognósticos contribuem para a reabilitação fonoaudiológica em cabeça e pescoço, tais com assistência interdisciplinar, acompanhamento fonoaudiológico adequado, aspectos anatômicos, fisiológicos e psicossociais.

A integração do fonoaudiólogo com a equipe interdisciplinar é essencial para que o indivíduo tenha as melhores possibilidades de adaptação após o tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Cada vez mais deve-se buscar uma melhor qualidade de vida para esses indivíduos.

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